Deu no Jornal O Povo: Tráfico de drogas no Interior: pistolagem e intimidação

O Ceará parece voltar ao clima de pistolagem de eras passadas, com o confronto entre duas famílias interioranas, que já custou várias vidas, no espaço de um mês, no município de Pentecoste. A diferença é que se trata agora de disputa pelo tráfico de drogas.

O clima de medo e insegurança instalou-se em Pentecoste depois que um membro da família Prego tentou matar um rival da família Cunha, no dia 17 de julho. De lá para cá tombaram cinco vítimas integrantes de ambos os clãs. A única semelhança com a pistolagem tradicional é o clima de vingança que se instaurou. Mas o fenômeno revela uma realidade mais ameaçadora: a presença do tráfico de drogas no interior do Ceará.

Quando o Brasil era apenas um país agrário, os valores tradicionais, próprios do mundo rural, serviam de escudo protetor na formação dos habitantes dessa área. O banditismo era decorrente das injustiças cometidas pelos senhores de terra contra os pequenos agricultores, meeiros e trabalhadores. Ou provinha dos exércitos particulares dos latifundiários em disputa pela posse da terra ou do poder político. Daí surgiu o cangaço e o pistoleiro de aluguel. O Ceará conheceu ambos os fenômenos. Havia um código moral não inscrito que tornava vergonhosas ações de ladroagem.


Com a urbanização acelerada e a expulsão dos pequenos do campo, esses laços se romperam. A chegada do tráfico de drogas eliminou de vez os referenciais tradicionais. Hoje, vemos esse tipo de crime ganhar raízes no Interior, que alguns julgavam protegido dessa degradação. Bem ao contrário: o poder do tráfico está se espraiando pelos municípios interioranos e se infiltra por todos os canais de influência, seja apelando para a corrupção, seja para a atemorização e chantagem. Usa testas de ferro para dominar o poder político local e corromper ou instilar medo em certos representantes das instituições públicas.

Em estados vizinhos há, inclusive, porções de território dominadas de tal modo que seu acesso se torna arriscado por quem tem necessidade de atravessá-las, como ocorre no chamado Polígono da Maconha. Assim, os órgãos da segurança pública do Ceará devem desbaratar a ação desse tipo de crime onde quer que se manifeste, aproveitando o fio da meada surgido em Pentecoste.

Fonte: O Povo

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Raimundo Moura

Radialista formado, blogueiro, graduando em serviço social e Conselheiro Tutelar, atualmente apresento o Programa Alerta Geral Vale do Curu pela 91.9 de Pentecoste e colaboro com o Jornal Integração da Atitude FM de Itapajé.

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